Pássaro

Angel Boligán

PÁSSARO PRESO CANTA,

A CRIANÇA ALEGRE SORRI.

SOA TRISTE ESSE CANTO,

SER LIVRE É SER FELIZ!

ASSIM, ENGAIOLADO, NÃO PODE SER AMADO.

RASGA A SUA VAIDADE,

O POBRE PRECISA DE LIBERDADE.

Fim

Andrew Wyeth

FAÇAMOS DO FIM O RECOMEÇO

IGUAL A FÊNIX RESSURGIREMOS

MORREM PESSOAS, MAS O SONHO é PARA SEMPRE.

Formiga

Fita de Moebius II, Maurits Cornelis Escher

Folhas caminham sozinhas,

Os olhos mal podem ver,

Rabiscam o chão com movimentos rápidos,

Mal se pode perceber.

Invadem qualquer terreno,

Garimpando vão em silêncio

Até que o homem use o seu veneno.

Vento

O vento, Van Gogh

Vai assoprando o moinho de vento...

Enquanto gira, mexe com o pensamento.

No cata-vento da vida assopra sem direção,

Troca a brisa pelo furacão.

O vento leva coisas que jamais voltarão.

Poeta

Palavras lançadas ao vento,

Overdose de imaginação,

Espalham-se por um momento,

Tentam fugir de nossas mãos.

Ah, se elas soubessem que tudo isso é em vão!

Tempo

A persistência da Memória, Salvador Dalí

Tic-tac, tic-tac, o relógio não pode parar

Entra dia, sai dia, não consigo me olhar

Mundo doido, mundo louco, mundo mundo

Pra cima, pra baixo, continuo mudo

O tempo não tem tempo para mim.

Chuva

Chuva, Oswaldo Goeldi

Chuva, chuvisco, chuvarada...

Hoje, será assim!

Uma gota, gotinha, gotarada...

Vocês não têm pena de mim?

Abraço o guarda-chuva, pois a chuva parece não ter fim...

Eclipse

A Lua, Tarsila do Amaral

E se algum dia nos perdermos nessa imensidão,

Caberá à lua nos encontrar na escuridão.

Lua cheia, lua minguante, lua nova e crescente

Inspira os meus versos decadentes

Pousa sobre o sol por um momento.

Sol e lua tornam-se um nesse instante

E o dia abraça a noite num lamento.

Verme

Os Retirantes, Portinari.

Vou comer sua carne macia,

Espero que não se importe.

Restará só o pó dos seus ossos.

Malditos seres humanos

Exalam cheiro de morte!

Borboletas

Borboleta, Romero Britto

Brancas, azuis, amarelas e pretas,

Olha quantas cores trazem as belas borboletas.

Revoam com encanto e leveza,

Bailam no ar as nobres borboletas.

Ouça o silêncio do seu canto,

Liberte a alma por um momento.

Esse instante raro e eterno

Traz consigo a paz e um lamento:

A vida perderá o seu sentido

Se às pequenas coisas não dermos ouvido!

Morte

A Morte de Chatterton, por Henry Wallis

Morte, és tu o segredo da vida?

Outrora, para muitos, foste uma saída.

Raul Pompeia, Werther e Chatterton viveram na ilusão,

Trocaram a vida pela paixão.

E será pecado anteceder à morte, essa atrevida?

Palavras

Imagem retirada do blog:

http://crochetdepalavras.blogspot.com.br/

PULAM DE CÁ PRA LÁ, REPULAM DE LÁ PRA CÁ!

ASSIM, SÃO AS PALAVRAS QUE PULAM QUE NEM SACI.

LEVES, ALEGRES E GRACIOSAS;

AUDACIOSAS, PESADAS E TRISTES.

VIAJAM NUM MUNDO DE FAZ DE CONTA,

RABISCAM O PAPEL SEM LIMITES.

ASSIM, SÃO AS PALAVRAS QUE PULAM QUE NEM SACI.

SEMPRE PULANDO, POIS A IMAGINAÇÃO PARECE NÃO TER FIM...

Noite

A noite estrelada - Van Gogh

Nada como a beleza de um céu estrelado

Olho para a lua que flutua no horizonte

Imagino o dia que viverei ao seu lado.

Todo fim de um poeta alucinado

Está no sonho de quem sonha acordado.